
A indústria foi abençoada com dois acontecimentos que ameaçaram a sua vida: a tecnologia digital deu-nos a pré-impressão e a composição electrónicas; a Internet acabou com sectores inteiros da edição e da produção.
Determinar o que torna um sistema sustentável ou não é um exercício para alguns dos melhores cérebros do planeta. A maior parte das vezes, isto acontece em resposta às ameaças das alterações climáticas, mas as credenciais de sustentabilidade da indústria gráfica baseiam-se sobretudo em respostas a ameaças existenciais. A indústria foi abençoada com dois acontecimentos que ameaçaram a sua vida: a tecnologia digital deu-nos a pré-impressão e a composição electrónicas; a Internet acabou com sectores inteiros da edição e da produção. Ambos os acontecimentos forçaram muitas empresas a enfrentar a parede, embora por razões diferentes, mas o resultado líquido foi positivo. Assistimos a enormes inovações no software e hardware de produção e nas aplicações. Mais importante ainda, temos uma indústria muito mais sustentável do ponto de vista ambiental. Os resíduos continuam a ser eliminados dos sistemas de produção de suportes de impressão e o controlo dos processos reduz a utilização de energia e as emissões associadas. A impressão perto do ponto de utilização também reduz as emissões dos transportes.
Mas sofremos de excesso de oferta. Os fabricantes continuam a fabricar mais máquinas com mais opções e alternativas, de modo a satisfazer os clientes mais exigentes. O excesso de tecnologias que daí resulta é constantemente aperfeiçoado e embelezado, muitas vezes em nome da sustentabilidade. Os exemplos são muitos. A Kornit, que desenvolve prensas têxteis, incentiva os clientes a “imprimir apenas o que precisam” para apoiar a moda a pedido. A EFI e outras empresas alegam reduções maciças nas quantidades de compostos orgânicos voláteis (COV) contidos nas suas tintas. As reduções são conseguidas através da utilização de menos solventes, mas ninguém fala do impacto ambiental da redução de solventes nas tintas, como tempos de secagem mais longos ou mais resíduos porque os clientes não estão satisfeitos com a reprodução de cores das tintas aquosas. Esta é uma discussão que tem de acontecer porque este tipo de retórica dos fabricantes é uma vitória fácil nas conversas sobre sustentabilidade.
Não é exatamente uma lavagem verde, mas não conta a história toda. Por exemplo, ao avaliar o impacto nas emissões da mudança para tintas aquosas de jato de tinta, mais de 90% das emissões de COV podem ser reduzidas, juntamente com uma percentagem elevada, por vezes superior a 70%, das emissões médias de carbono. Esta informação é excelente, mas muitas vezes os dados que suportam a afirmação não estão disponíveis ou não são sequer referenciados. Os estudos em que se baseiam estas afirmações são efectuados de uma forma algo informal e utilizam dados que não são necessariamente completos. Por estas razões, os dados que sustentam as alegações de elevadas reduções de emissões raramente são partilhados.
Deveria ser possível encontrar uma metodologia única para determinar a forma como uma determinada máquina de impressão e a sua produção reduzem efetivamente as emissões de carbono. Esse método teria de ter em conta as emissões associadas ao fabrico da máquina de impressão, à entrega, aos custos de funcionamento, aos substratos e aos consumíveis que utiliza. O método também necessitaria de perfis de substrato que quantificassem a pegada de carbono de um material, o que também requer uma metodologia comum. Já temos várias normas ISO que apoiam as necessidades de uma norma de quantificação universal, mas ainda não existe um método abrangente para quantificar a pegada de carbono dos sistemas de produção de suportes de impressão.
Informação sobre a fonte: Este artigo foi produzido pelo Projeto Verdigris, uma iniciativa da indústria destinada a aumentar a sensibilização para o impacto ambiental positivo da impressão. Este comentário semanal ajuda as empresas de impressão a manterem-se actualizadas relativamente às normas ambientais e à forma como uma gestão empresarial amiga do ambiente pode ajudar a melhorar os seus resultados. O Verdigris é apoiado pelas seguintes empresas: Agfa Graphics, EFI, Fespa, Fujifilm, HP, Kodak, Miraclon, Ricoh, Spindrift, Splash PR, Unity Publishing e Xeikon.